Lucy (2014)


Partindo daquele velho princípio que nos, seres humanos, só conseguimos usar cerca de 10% da nossa capacidade cerebral, o que você imagina que seriamos se, de repente, tivéssemos acesso aos outros 90% de nosso cérebro? Poderíamos voar? Teríamos poderes psíquicos? Seriamos super fortes e inteligentes? É nessa ideia que Lucy se baseia para ser uma espécie de ação fantasiosa.

O filme conta a história da inocente Lucy (Scarlett Johansson) que por um capricho do destino acaba envolvida com o tráfico internacional de uma nova droga sintética desenvolvida na Ásia. A moça é sequestrada e obrigada a ser uma mula, ou seja, transportar o produto ilegal até outro país. Para isso, os vilões inserem uma pequena bolsa dentro do seu estômago. Logo a tal bolsa rompe e Lucy recebe uma dose cavalar da nova droga que, magicamente, permite que ela use 100% de sua capacidade cerebral. Então, a jovem parte em busca de vingança e respostas, usufruindo de seu novo arsenal de poderes.

Dirigido por Luc Besson, de O Quinto Elemento, o filme é audacioso. Ele discorre sobre até onde a evolução poderia levar o ser humano e sobre o poder oculto de nosso cérebro, fazendo uma longa viagem que começa lá na criação do universo. Pessoalmente, não achei a ideia ruim, porém o resultado na telona foi quase desastroso.

O filme tenta ser profundo, mas tropeça nas próprias pernas em um misto de “enredo complexo” e “filme pipoca” que, no fim, não consegue ser nenhum dos dois. As cenas de ação são repetitivas e, pra mim, careceram de um pouquinho de imaginação e originalidade. O desenrolar da trama não tem muito sentido, assim como a protagonista, que não sabe qual o seu propósito agora que possui um imenso poder sobrenatural. A obra aposta no carisma de Scarlett Johansson para agarrar o espectador, mas nem ela conseguiu me salvar do tédio.

Perdido entre inserts de imagens de animais e do cosmos, tiroteios e uma completa falta de propósito, o filme beira a categoria do “non sense” e decepciona em todos os níveis possíveis e imagináveis. A personagem não se desenvolve, limitando a atriz a interpretar um ser sobrenatural e (quase) sem emoções que faz as pessoas levitarem e serem atiradas para longe com um movimento da mão, no melhor estilo Jedi. A cena de perseguição de carro é tão absurda e desconexa com o resto do filme que incomoda. Os personagens coadjuvantes não tem praticamente relevância nenhuma para a trama, e por ai vai.

O mais triste é que os primeiros dez minutos de filme são bons e conseguem te deixar curioso, ansioso e até proporcionam algumas risadas. Infelizmente, o resto é ladeira a baixo. Lucy se esforça para ser inteligente, com uma proposta diferente do que estamos tão acostumados no mundo da ficção-científica, mas acaba sendo um filme de fantasia muito tosco que não vale o preço nem de uma meia entrada de segunda-feira a tarde no cinema. 

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