Ler a Zona Morta é um exercício de paciência. Quando você está na livraria, lendo contra capas e orelhas, tentando escolher uma nova história para mergulhar, esse livro em especial pode te deixar a impressão de que você foi enganado. A sinopse oferecida na própria obra fala sobre um homem que, após ficar em coma por vários anos, acorda com um estranho poder sobrenatural e ao tocar as pessoas pode sentir e ver fatos sobre o seu passado, presente e futuro. Esse rapaz, o protagonista, então conhece um homem e tem o vislumbre de um futuro decadente, com o mundo afundado em uma guerra nuclear, ao mesmo tempo em que descobre que um tumor maligno está se desenvolvendo em seu cérebro.
Mas a grande verdade é que ler Stephen King, por si, é um
exercício de paciência e imersão. A lentidão sempre foi um dos seus maiores
trunfos. Utilizando de uma narrativa extremamente pessoal e envolvente, ele irá te
contar aquela história e, quando você menos perceber, estará com os olhos
vidrados, como uma criança implorando: “Não pare agora! Conte mais! Preciso
saber o que aconteceu com ele!”.
A sinopse apresentada é fiel e verdadeira, porém antes de
chegar ao clímax, primeiro você deve conhecer a história de Johnny Smith. O
livro narra a vida do rapaz antes do acidente de carro que o deixa em coma por
seis anos e também todo o processo de adaptação e conhecimento do seu novo dom –
ou maldição? – logo depois que ele acorda. É um processo vagaroso, onde você é
convidado a partilhar todas as frustrações de um jovem que perdeu um grande
pedaço da vida e foi obrigado a carregar um fardo imenso.
Típico
de King, o livro trata sobre religião, planos
divinos, cidades pequenas (aparentemente) pacatas e o mal e a loucura
escondida no coração do homem. Apenas no fim da obra (aproximadamente em
suas 100 páginas
finais) Johnny terá que enfrentar o peso de saber que o mundo poderá
acabar nas
mãos de um político e a aproximação da própria morte.
Até lá, o leitor é imerso em reflexões sobre o fanatismo religioso da
mãe do
protagonista, o mistério sobrenatural de seus poderes e a injustiça
divina com
o jovem professor que, além de perder seis anos de sua vida, perdeu a
mulher
amada, a saúde e, talvez, até a sanidade.
Admito que sou suspeito para falar sobre Stephen King. Acredito
que isso deve ser normal quando abordamos um escritor que nunca nos
decepcionou. Mas a Zona Morta é de um livro extremamente tocante. Johnny Smith
é um dos personagens mais carismáticos que eu já encontrei nas páginas de King
e sua história de vida me trouxe um misto de revolta, indignação, tristeza e
pesar. A obra lançada em 1979 (logo após O Iluminado) e que entra na lista das
mais famosas do escritor, é uma ótima pedida para quem quer se deixar envolver
por um suspense que, apesar do toque sobrenatural, também consegue ser muito real,
humano e comovente.
Aliais, o que você faria se vivesse na época em que Hitler ainda era um jovem e soubesse com toda a certeza o que ele faria no futuro? Tentaria alertar a todos, mesmo com o risco de não ser ouvido? Planejaria um jeito de mata-lo, mesmo que isso significasse sua própria morte ou prisão perpétua? Viveria com o peso do Holocausto que você não evitou? Diga-me, o que você faria?
Aliais, o que você faria se vivesse na época em que Hitler ainda era um jovem e soubesse com toda a certeza o que ele faria no futuro? Tentaria alertar a todos, mesmo com o risco de não ser ouvido? Planejaria um jeito de mata-lo, mesmo que isso significasse sua própria morte ou prisão perpétua? Viveria com o peso do Holocausto que você não evitou? Diga-me, o que você faria?
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